O movimento Maio Amarelo, cujo objetivo é chamar atenção da sociedade com relação ao alto índice de mortalidade e de feridos no trânsito em todo o mundo, tem ainda mais importância em nosso segmento, uma vez que o modal rodoviário é responsável por transportar aproximadamente 60% de todas mercadorias que circulam em nosso país. Ou seja, nossa responsabilidade é proporcional ao nosso papel e representatividade na matriz de transporte de cargas.
A segurança viária requer atenção de toda sociedade, desde o setor público, privado, entidades, empresas e associações, e inclusive, todos os cidadãos. Todos podem ser atores, condutores e vítimas do trânsito. O nosso papel, como empresários e até mesmo como representantes de entidades de classe é incentivar e conscientizar, colocando em pauta de forma incansável este tema e suas consequências.
Nas empresas, é necessário lidar com o assunto dando a atenção que ele requer, e isso só acontece se a alta administração estiver totalmente envolvida. Caso contrário, as coisas não andam e não têm o efeito esperado.
Deve-se priorizar os treinamentos de direção defensiva, assim como reciclagens constantes, programas de incentivo, acompanhamento de controle de jornada de trabalho, acompanhamento da saúde e boa alimentação do motorista, adoção de diálogos diários e semanais de segurança no trânsito, acompanhamento de multas de trânsito, acompanhamento através de instrutor de motoristas, constante realização de treinamentos e palestras sobre segurança e sinalização no trânsito, realização de treinamentos utilizando simuladores de caminhão, instalação de equipamentos de telemetria, adoção de programas de controle de uso de álcool e drogas, etc.
Existem inúmeras ações que podem ser tomadas pelas empresas para que a segurança e a prevenção sejam prioridades e também um objetivo dentro da organização, perceptível para todos. Somente ações coordenadas, bem planejadas e constantes são capazes de mitigar riscos e evitar acidentes.
O que queremos expor aqui é a seguinte questão: cabe sim à empresa levantar a bandeira do Maio Amarelo e intensificá-la em favor da vida, da conscientização e do respeito às regras de trânsito, demonstrando a toda sociedade que está cumprindo seu papel social e tomando todas as medidas preventivas e corretivas para que seus motoristas estejam sempre atentos, treinados e aptos para dirigir de modo atento, seguro e respeitoso no trânsito. Mas que, suas ações não se resumem a esta campanha pontual neste mês de maio, elas transcendem a isso, são perenes, robustas, e estão dentre os principais objetivos da empresa.
O TRC, ciente da sua importância para a economia nacional, também tem que ter responsabilidade e ciência de que sua atividade impõe risco iminente à sociedade, visto que nossos veículos, ao circularem nas ruas, avenidas e rodovias estão sujeitos às mais diversas situações, e que podem ser envolvidos em acidentes. Evitando adentrar na questão se são culpados ou não (porque muitas vezes não o são), fato é que, o tamanho e peso dos caminhões pode representar risco de danos às partes envolvidas em um acidente de trânsito. Toda a nossa atenção em relação à prevenção é de extrema relevância, pois pode preservar vidas, razão pela qual nossa responsabilidade aumenta ao tratar deste assunto. O apelo inclusive deve atingir terceiros, digo, toda a cadeia logística, uma vez que os transportadores muitas vezes são pressionados a cumprir prazos de entrega que são inexequíveis. Há de se ajustar tais prazos com seus clientes, fazendo-os enxergar que os motoristas e sua empresa, pelo bem de toda sociedade, precisam cumprir as regras contidas da legislação vigente com relação ao controle de jornada dos motoristas, a fim de garantir os descansos necessários e a recomposição diária dos mesmos durante as viagens. Este ponto é de extrema importância, caso contrário, continuaremos a enxugar gelo, pagar as contas de indenizações e contar número de vítimas.
Minha mensagem ao Transportador é: não assuma responsabilidade a qual depois sua empresa não possa suportar. Toda sociedade e portanto, toda a cadeia logística é responsável pela segurança no trânsito, e deve zelar pela condução preventiva e segura, pelo cumprimento da jornada de trabalho do motorista vigente e pela sua constante qualificação e treinamento, não abra mão disso. Negociar o contrário, é assumir o risco de abrir mão de todo esforço que o trouxe até aqui como empresário, uma vez que indenizações por acidentes de trânsito podem fechar uma empresa.
O transporte de carga precisa se profissionalizar, demonstrar que tem empresas sérias e que não abrem mão de qualidade. Faça bons contratos, valorize sua empresa e seu negócio e não assuma riscos por quem só quer contratar preço.
Às entidades de classe, cabe o papel de ajudar e dar todo o suporte às empresas neste sentido, para que se posicionem firmemente junto ao mercado, cumpram a legislação vigente, mantenham sua mão de obra sempre qualificada, prestem serviços de excelência e assim, cumpram seu papel social de respeito às regras de trânsito, para que os números de acidentes sejam efetivamente reduzidos. Ou seja, sempre colocar em pauta o tema TRÂNSITO, estimulando as empresas neste sentido.
Ana Jarrouge, Presidente Executiva do SETCESP
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