Os Correios são uma empresa gigante, ao todo, a Estatal possui 11,7 mil agências de atendimento, 25 mil veículos próprios e estão presentes em 100% dos municípios brasileiros. Porém, como falamos no artigo anterior, a ECT vem passando por diversos problemas administrativos, com greves de profissionais, corrupção, balanços negativos em anos consecutivos e principalmente vem perdendo seu prestígio e qualidade no serviço que, há cerca de 10 anos atrás, eram referência para a população e para as empresas.
A privatização parece ser a melhor solução, como comentado no artigo “Os problemas dos correios e os benefícios da sua privatização”, mas o caminho não será fácil, além dos conflitos de interesse, a Constituição Federal prevê que a União deve manter o serviço postal e legislar sobre o setor. Por isso, uma eventual privatização dos Correios precisaria ser aprovada pelo Congresso Nacional, por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que requer mais tempo de discussão e votação em dois turnos na Câmara dos Deputados e no Senado.
Enquanto os modelos de privatização aqui no Brasil serão discutidos, podemos olhar os exemplos das privatizações que aconteceram fora do país e definir quais exemplos devemos seguir e quais não devemos. Para isso, separei uma pequena lista com algumas dessas informações.
Modelo a não seguir:
Argentina: A Argentina passou por um processo de privatização extremamente fracassado, a Encontesa (Empresa Nacional de Correios e Telégrafos S.A.) foi privatizada em 1997. A companhia que adquiriu a empresa à época pertencia a família de Maurício Macri, que viria a se tornar presidente do país anos depois.
Após 6 anos de serviços mal prestados, escândalos de corrupção e falta de pagamento ao estado pela compra da organização de serviços postais, a Encontesa voltou a ter controle estatal em 2003 e atualmente se vê em um imbróglio judicial com os ex-controladores.
Modelos a serem seguidos:
Holanda: Empresa Estatal até 1994, o serviço postal holandês passou por diversos processos. O primeiro deles foi a sociedade de economia mista, até 1998, quando houve a separação dos correios e telecomunicações e desde 2002, tornou-se subsidiária de multinacionais.
Alemanha: O processo de privatização de serviço postal mais bem sucedido do mundo começou na década de 1990, de forma escalonada e sob proteção do governo durante transição. A Alemanha vendeu 50% das ações do Deutsche Post para um banco público, o KfW, e no ano seguinte um lote com 29% das ações foi oferecido a investidores, que arrecadou 6,6 bilhões de euros (29,9 bilhões de reais). Até 2005, o governo vendeu todas as suas ações remanescentes ao KfW, que, por sua vez, as ofereceu em fases para investidores no mercado de capitais.
O Deutsche Post comprou a empresa norte-americana de entregas expressas DHL em 2002, e hoje é uma das maiores companhias de logística do mundo, com cerca de 550 mil empregados em mais de 220 países e receita de 61 bilhões de euros (276 bilhões de reais) em 2018.
Não sabemos ainda qual modelo o Brasil deve seguir, alguns dizem que o governo deve privatizar os Correios em blocos, dividindo o país em regiões como está fazendo nas concessões de aeroportos e nas privatizações de saneamento que estão sendo feitas a partir da aprovação do novo marco legal, outros dizem que pode-se seguir o modelo do Banco do Brasil, com economia mista onde o Estado detém menos de 50% das ações e muitos outros planos.
O fato é, como citei mais acima, que a privatização parece o caminho certo a ser seguido, aqui na Flash Courier acreditamos que isso trará uma maior concorrência em todos os cenários, o que é muito bom para o desenvolvimento do mercado e o surgimento de novos embarcadores.
Guilherme Juliani, CEO da Flash Courier
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