Na semana passada estava lendo uma revista da Harvard Business Review e encontrei um artigo muito interessante que explica como as empresas chinesas responderam aos impactos causados pelo coronavírus. Então, resolvi resumi-lo e contar um pouco das estratégias empresariais na China no combate a covid-19.
Vale destacar que devido à imprevisibilidade da dinâmica da doença e à falta de experiência prévia relevante, cada situação local é diferente, mas acredito que há oportunidades para as empresas aprenderem com outras pessoas em regiões que estão semanas à frente para responder à epidemia. Sempre bom saber o que acontece no mundo a nossa volta.
As crises causam impactos imediatos e muitas vezes inesperados, por isso precisamos nos reformular constantemente. Essas atitudes de reformulação e respostas em uma empresa precisam ser tomadas pelo CEO, ele será capaz, junto da sua equipe, de planejar a resposta à crise, criar estratégia de recuperação, pós-recuperação e finalmente estabilização.
Apesar da China ter seu próprio sistema político, administrativo e costumes sociais completamente distintos dos nossos, separei 5 lições que extraí do artigo da Harvard Business Review que podem ser amplamente aplicáveis.
1. Use uma abordagem adaptativa de baixo para cima para complementar os esforços de cima para baixo
Respostas rápidas e coordenadas requerem liderança de cima para baixo. Mas a adaptação a mudanças imprevisíveis também requer a tomada de iniciativa descentralizada.
Por exemplo, Huazhu, que opera 6.000 hotéis em 400 cidades em toda a China, criou uma força tarefa de crise que se reunia diariamente para revisar procedimentos e emitia orientações de cima para baixo para toda a cadeia. Além disso, aproveitou sua plataforma de informações interna para garantir que funcionários e franqueados estivessem armados com informações oportunas. Isso permitiu que os franqueados adaptassem a orientação central às suas próprias situações locais, em termos de condições de doenças e medidas locais de saúde pública.
2. Seja claro e dê segurança para os funcionários
Em uma crise, é difícil encontrar clareza, quando a situação e as informações disponíveis estão constantemente mudando. Os funcionários precisarão adotar novas formas de trabalhar, mas não poderão fazê-lo, a menos que possuam informações claras e consistentes e orientações gerais.
Algumas empresas chinesas criaram orientação e suporte muito proativos para os funcionários. Por exemplo, o maior fabricante de utensílios de cozinha da China, Supor, instituiu instruções para limitar a exposição durante o jantar em cantinas e planos de emergência para situações anormais. Além disso, instituiu exames de saúde para funcionários e familiares desde os primeiros estágios do surto e adquiriu equipamentos preventivos.
3. Use a mídia social para coordenar funcionários e parceiros
Com a quarentena estabelecida e novos desafios para os coordenadores, muitas empresas chinesas adotaram plataformas de mídia social para coordenar funcionários e parceiros.
A maior empresa de roupas íntimas da China, chamada Cosmo Lady, iniciou um programa destinado a aumentar suas vendas através do WeChat. A empresa criou um ranking de vendas entre todos os funcionários (incluindo o presidente e o CEO), motivando o restante da equipe a participar da iniciativa. Esta ação rendeu um aumento na receita.
4. Procure oportunidades em meio à adversidade
O coronavírus atinge de alguma forma todos os setores, porém, ela também aumenta a demanda em áreas muito específicas. Isso inclui o comércio eletrônico B2C (especialmente modelos porta a porta), serviços de reunião remota, mídias sociais, produtos de higiene, seguro de saúde e outros grupos de produtos. Cabe a nós, empresários, descobrirmos essas demandas e nos encaixarmos a elas.
Por exemplo, a Kuaishou, plataforma de vídeo social na China, promoveu ofertas de educação online para compensar o fechamento de escolas e universidades. A empresa fez uma parceria com o Ministério da Educação para abrir uma sala online em nuvem nacional para atender os alunos.
5. Esteja preparado para uma recuperação mais rápida que o esperado, mas não se surpreenda com diferentes velocidades para diferentes setores.
Apenas seis semanas após o surto inicial, a China parece estar nos estágios iniciais de recuperação, o movimento de pessoas e bens está retomando. O consumo de carvão parece estar se recuperando de um nível mínimo de 43% para atualmente 75% de 2019, indicando que parte da produção está sendo retomada. E a confiança parece voltar como visto nas transações imobiliárias, que caíram para 1% dos níveis de 2019, mas voltaram a 47%.
A experiência da China aponta para um cenário para o qual as empresas devem se preparar. Porém é praticamente impossível prever a profundidade e a duração do impacto econômico em outros países. É possível, como também acontece na China, que setores e grupos de produtos se recuperem em velocidades diferentes, exigindo abordagens distintas.
O artigo fala de 12 lições, portanto acesse o artigo e leia o restante das dicas. Para acessar o arquivo completo da Harvard Business Review, clique aqui.
Joyce Bessa, Diretora Administrativa Financeira da TransJordano
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