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A economia circular de resíduos eletrônicos



O custo de trabalhar com o transporte de cargas não é restrito apenas aos gastos financeiros. Ao entrarem no mercado, as transportadoras assumem o risco de preservar a vida e a saúde de milhares de pessoas que podem ser afetadas pelas cargas armazenadas em seus veículos. Mesmo sendo um peso a carregar, é fascinante refletir sobre como o nosso serviço influencia, direta ou indiretamente, o bem-estar das pessoas.


Nos treinamentos e procedimentos de segurança e sustentabilidade ambiental na Zorzin vejo que ter em mente a importância do trabalho incentiva os colaboradores a prestarem o melhor serviço possível. Em uma das nossas especialidades, a logística reversa isso fica claro. Desde a coleta dos resíduos químicos ou perigosos localizados nas indústrias químicas, nas universidades e nos hospitais, somos cuidadosos ao selecionar e organizar quais resíduos levaremos até os pontos de coleta ou de reciclagem, porque entendemos o perigo que o descarte incorreto ocasiona.


Da mesma forma, antes de qualquer trabalho com uma carga perigosa, fazemos questão de avaliá-la previamente, liberando-a somente se tivermos a certeza de que não há danos ou vazamentos na embalagem. Geralmente, enviamos uma equipe da Zorzin até o local para fazer uma análise presencial, pois, dependendo do material, o motorista profissional deverá levar os equipamentos de segurança para realizar a entrega.


Contudo, desde o Decreto Federal 10.240/2020 da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), começamos a também prestar atenção nos Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos (REE). De acordo com a pesquisa Resíduos Eletrônicos no Brasil, conduzida pela Radar Pesquisas para a Green Eletron (empresa que trabalha com logística reversa), nosso País é o 5º maior produtor dessa classe de produtos no mundo. Só em 2019, a indústria brasileira produziu mais de 2 milhões de REEs, sendo que, desse total, apenas 3% foram reciclados.


Enquanto fatores externos não os alteram, eles não apresentam nenhum perigo. Porém, ao serem abertos ou transformados pelos humanos ou pelo ambiente, emitem substâncias tóxicas, como o mercúrio, o chumbo, o berílio, o cádmio e o cromo. Devemos lembrar que estamos falando de produtos cuja composição é majoritariamente tecnológica. Logo, após o reprocessamento, teremos matérias-primas raras que trarão ganhos enormes de produtividade às empresas a preços menores, como a platina, o ouro, o cobre, o alumínio, o nióbio, o cobalto, o silício, e mais de 20 outros elementos.


Na mídia, acostumou-se a chamar essa prática de Economia Circular, ou “do berço ao berço”, que consiste na reutilização contínua dos produtos tóxicos, visando a sustentabilidade. Dessa forma, o mercado substitui o tradicional modelo de “consumo linear”, em que a relação entre a indústria e o objeto termina na compra inicial, para um voltado ao aproveitamento e à criatividade.


Alguns podem dizer que estou sendo um pouco utópica ao sugerir esse futuro, afinal, a implementação de mudanças assim demanda muito dinheiro e tempo. Entretanto, as indústrias não estão sozinhas nessa tarefa, pois elas sempre terão a ajuda das transportadoras para encontrar soluções inteligentes e resolver esse quebra-cabeças. Só na Zorzin, estruturamos, junto à nossa área de T.I, um sistema completo de recolhimento e selecionamento dos equipamentos eletroeletrônicos não utilizados, mas com peças ainda funcionais, e as armazenamos para utilizarmos em outras máquinas.


Bom, e caso o ganho econômico não seja suficiente para incentivar a mudança de mentalidade nas instituições, lembro que existe a possibilidade de a empresa ser multada em valores que chegam a 50 milhões de reais, fora as suspensões das licenças e autorizações para o funcionamento dos seus empreendimentos.


Enfim, independente da maneira utilizada para mudar o comportamento dos empresários, fato é que ainda há muito espaço para mudanças, mas, não é motivo para desanimar. Falando sob a minha perspectiva de gestora, vejo um avanço incrível na consciência ambiental nas empresas de produtos químicos e perigosos, e não só nas quais trabalhamos. Para a minha felicidade, esse desenvolvimento acompanha um maior entendimento sobre o papel das transportadoras e dos operadores logísticos envolvidos nesse propósito. Sinceramente, gostar do que faz é ótimo, mas trabalhar ao lado de pessoas com os mesmos objetivos e valores que o seus é ainda melhor.


Gislaine Zorzin, Diretora Administrativa da Zorzin Logística

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