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O que esperar de uma indústria de cloro-álcalis renovada?


Há algumas semanas atrás, quem acompanha as novidades da indústria química no Brasil teve a notícia de que o Regime Especial de Indústria Química (REIQ) deixará de existir após a aprovação da Medida Provisória 1.095. O REIQ foi idealizado com o propósito de melhorar a competitividade da nossa indústria ao desonerar as alíquotas de PIS/COFINS incidentes sobre a compra de matérias-primas petroquímicas de primeira e segunda geração.


De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), a retirada desse benefício põe em risco cerca de 85 mil postos de trabalho e impacta negativamente o setor em R$ 55 bilhões. A Abiquim tentou contestar a MP, mas teve seu pedido deferido pela 1ª Região do TRF.


Ultimamente eu tenho estudado muito o assunto, tanto por liderar uma transportadora especializada em produtos perigosos/químicos quanto por atuar em associações do setor, como a Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor). Na última reunião do Conselho da Associação, o Diretor de Relações Governamentais da Abiclor, Sérgio Batista, comentou que a entrada das novas diretrizes do REIQ foi transferida para o mês de junho, contudo, as propostas não devem prosperar por decurso de prazo e ausência de relator indicado.


Nos meus dois artigos anteriores sobre o tema, um dos pontos que mais enfatizei foi o quão difícil é o cenário para conseguir desenvolver a indústria química nacional, principalmente com os conflitos mundiais recentes, e o provável cancelamento do REIQ mostra que não há, até o momento, uma mudança considerável nesse cenário.

A notícia vem em um momento ruim para o país, pois, quem acha que as estratégias para o estímulo ao mercado de produtos químicos é uma defesa que convém apenas a nós, que trabalhamos em parceria com essas indústrias, não percebe a dinâmica e a complexidade da economia nacional.

Sobretudo com os elementos químicos, é muito difícil estabelecer onde começa e onde termina a utilidade deles. No meio, costumamos chama-lo de o mais importante building block da cadeia produtiva, pois está presente como substância primária na formação de praticamente qualquer mercadoria. É um universo muito micro e interno, ao qual os consumidores, em sua maioria, não têm acesso ou não imaginam existir. Aplicações e versatilidade

Para ter-se uma ideia dessa influência, na indústria farmacêutica, o cloro é componente básico em 85% dos remédios no tratamento de doenças como hipertensão, câncer, AIDS, pneumonia, alergia, diabetes e meningite. Com isso, não é difícil de imaginar o porquê de a Abiclor ter apontado uma alta de 23,5% para a produção de cloro e 24,7% para a soda cáustica no último semestre, enquanto a construção civil aumentou, no mesmo ano, 7,6%.

Outro exemplo bem interessante é o uso do hidróxido de potássio (também conhecido como potassa cáustica) como fertilizante. A substância, produzida pela Katrium Indústrias Químicas S.A, é um resultado da eletrólise de cloreto de potássio (KCL) e é um bom exemplo da contribuição do cloro para o setor agrícola. A guerra entre a Rússia e a Ucrânia evidenciou a nossa dependência externa em relação à importação de defensivos agrícolas para o manter a produtividade do agronegócio nacional.

O universo de transformações das matérias-primas em produtos reais e benéficos para o uso doméstico me interessa e me chama muita atenção. Um dos meus grandes prazeres em atuar no transporte de cargas é conseguir estar próximo desse mundo imperceptível. Prova da minha curiosidade pode ser vista na parceria que a Zorzin Logística realizou com a


A relação entre as empresas aconteceu por meio de desenvolvimento natural entre negócios de valores semelhantes: determinação, paciência e qualidade. Juntando as nossas expertises e diferenciais, podemos contribuir para uma questão de extrema relevância para o cenário atual e, ao mesmo tempo, estimular o interesse que temos pelo impressionante universo da inovação e da criatividade. Passos essenciais, mas ainda ausentes

Considerando o panorama atual, precisamos de políticas mais assertivas e bem formuladas para reverter a defasagem de infraestrutura e de competitividade internacional a qual nos encontramos. Caso contrário, continuaremos vendo o aumento dos resultados negativos na nossa balança comercial. A própria Abiquim, já mostrou que, nos dois primeiros meses de 2022, o déficit na balança comercial brasileira de produtos químicos atingiu o recorde de US$ 81 bilhões.

Felizmente, mais especificamente na indústria de cloro-álcalis, a expectativa é positiva, afinal, a tendência de alta na construção, na indústria farmacêutica e no agronegócio, além dos fortes investimentos que deverão acontecer daqui para frente em consequência da regulação do Marco Legal do Saneamento, apesar dos desafios apontados, é de crescimento.

Ainda há o fato de que a Abiclor reelegeu o engenheiro Maurício Russomano para a presidência do seu conselho diretor. Com isso, o setor indica o interesse em dar continuidade aos projetos da gestão anterior, o que é um elemento essencial em qualquer objetivo econômico a longo prazo, e uma variável a qual a administração pública ainda precisa avançar bastante.

Dessa forma, temos estabilidade para continuar difundindo técnicas, procedimentos e conhecimentos para manter o excelente padrão de qualidade no transporte de produtos químicos/perigosos. Precisamos nos assegurar de que o desenvolvimento sustentável e a preocupação com o meio ambiente sejam o normal e não a exceção no nosso meio.

A Zorzin atua sempre com base na ética e com respeito ao Código do Consumidor e aos princípios do programa Atuação Responsável (iniciativa da Abiquim para incentivar o comprometimento das empresas produtoras ou relacionadas ao setor de químicos com a saúde e segurança do meio ambiente). Assim, convergindo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Por isso, vejo o panorama do setor como uma excelente oportunidade de melhorar a qualidade do meu trabalho enquanto agrego, ao mesmo tempo, valor e experiências positivas aos nossos clientes, fornecedores e à sociedade em geral.

Agradecimentos especiais ao diretor executivo da Abiclor, Martim Afonso Penna, pelo auxílio nas informações necessárias para a produção deste artigo.


Gislaine Zorzin, Diretora Administrativa da Zorzin Logística.

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